Sei muito pouco ou, melhor, conheço pouco de Caieros. Às vezes, na verdade, tenho textos de Pessoa mas não sei ao certo se foi ajudado por Alvaro ou Reis; A verdade é que, pelo pouco que sei, Caeiro é o mestre dos heterônimos de Pessoa. Mas, ao mesmo tempo, parece-me que se trata de uma versão menos filosófica, ele afirma que "pensar retira a visão" - Conlcuindo, Caeiro trás nesta poesia algumas verdades que o próprio pessoa rejeitou - ou disse o contrário. É muita esquizofrenia junta, muita genialidade. É por isso que é completo: Ele ao mesmo tempo que vive, pode dizer que está morto. E depois de morto, ainda pode dizer que está vivo...
Quando Eu
Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Alberto Caeiro
Proporcionar a todos os usuários e fundamentalmente para mim, um módico arquivo digital de cultura. Esta é a razão de ser deste Blog. Intervenções precisas, como fez Camões, sem manter um verso em falso; Lamentos de amor de Vinícius, em prosa e verso, falado e cantado; a Esquizofrenia contagiosa de Pessoa; as letras soberanas de Chico Buarque; Os conselhos ditados por Drummond; E por fim, algumas das bestialógicas quais produzo em linhas pretenciosas, todavia bem intencionadas.