quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Se eu soubesse

Ah, se eu soubesse deste amor irrazoável e imediato o qual lhe dedico
O sobrepor de uma exagerada realidade obsta o sentido, desvia o olhar...
Por aparência os enleios vitais evidenciam a existência de necessidades maiores,
Que a mesma vida obstrui, mas o amor é tanto e o quando é um tempo só.
As intempéries de uma vivência abastada de luxúrias trazem problemas oculares e cardíacos
O órgão resiste com aptidão por função, entretanto apenas vive quando no anseio.
Se eu soubesse...
Este amor internado, diagnosticado como máximo esquiva-se por defeito do amante
Os resíduos ópticos e cardiológicos adaptam-se com o costume de aparelhos
A esta altura o amor dissemina-se pela temporada e entope cavidades cujo aspecto era cavo.
O amor estoura a sanidade e recupera as funções motoras do corpo tornando-as aleatórias
Eis que o coração se ajusta e os olhos perdem integralmente o emprego
O amor se instaura com a gravidade de um parto, os sentidos outros subordinam-se
E o amor se estabelece.
Se eu soubesse...
Se eu soubesse cometeria a penalidade de impedir o arrebatamento da chegada da ternura!
Se fosse possível impedir a sobreposição de misérias privilegiando o amor total
Haveria diluição e o enlevo inexistiria! O amor seria descrito em partes pequenas, como quem o reduz
E os rebentos conservar-se-iam em plena cátedra.
Se eu soubesse, enfim, repetiria o fingimento.
Exibiria este amor em arroubo incondicional o qual, hoje, explico em poesia.