quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Meu Próprio Amor

O amor autêntico é efeito de alguma demência humana. Algo de não ter autoridade sobre o próprio corpo, conhecer que por de dentro da pele existem aparelhos sob alguma neurose, a consciência se emancipa do tronco e faz a função de persistir com lembranças sem quaisquer intermitências.

Os amantes se têm e se perdem; A nostalgia é coisa imediata e irremediável, dói n´alma tudo o que não é toque... Implica a convivência entre a coisa da possessão física, do ser próprio d´outra vida como a vida qual se faz carente doutra. Como há a propriedade mítica da ternura ambicionada para outrem: Felix post coitum!

Não amar é recusar a possibilidade do encanto. Há tanto de não-amor, que o justo deveria ser por regulamento exigido! Pessoas que amam regeneram-se, abreviando a docilidade dos corpos. O saldo do sentimento é o ser mais compassivo, pródigo e gentil. Os movimentos auferem suavidade ofertando estética aos cuidados dados pelas mãos e pelos versos.

O amante machuca, talvez tanto quão faça feliz... O fulano contaminado obtém tamanhas interferências da coisa amada, do sentido, que se move - por vezes – por palpites: Por insanidade de amor. O bicho se altera ao refletir no afeto distante...

Sobretudo o amante promove paz. Um estado majestoso de paraíso qualquer; O amado é contexto comum, bem como as saudades... E não se faz pela metade, dar ao outro algum meio-amor: A doença se agrava e pode, inclusive, dar-se por curada! O amor só existe se integral, quando inteiro! As dedicações outras que se ficaram, foram-se. O amor coevo sobrepuja invenções passadas, abastece o coração de esperança que se revela em carícias infindas e insuficientes.

O amor, por fim, jamais deseja o incômodo na coisa amada... O amante é altruísta e estufa-se em assistência ao amado. O que ama semeia certeza! Pois qualquer outra coisa desconforta e descumpre o expediente. O amor é acordo de almas, cujo corpo é artifício... Não se entende o amor, vive-o! E com a gratidão de quem o embolsou, com a persistência de saber-se ser divino e a beleza de compreender-se seres tu o seu próprio amor.

Luiz Felipe Angulo Filho