segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Discurso ao descobrimento da insônia

Parece que faz anos desde que nasci
Os últimos dias deste hábito em que me perturbo
São descritos pelo vinho e pela descrença:
Desacredito no amor.

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As notícias são graves, trago ciência...
Todavia fui exposto a ver-me embriagado desta lucidez que atalha meu sono
Dar-me respostas lacônicas sobre as esperanças da vida,
A dissimular de modo perverso os eventuais devaneios de minha experiência.

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De infância fui punido por sonetos de Vinícius e minha meninice parece ter existido apenas em retratos.
Falo de amor há mais tempo que o conheço e invento alentos mesmo antes de fazer caso em ser alguém social.
Nestes anos tantos de tempo pouco, tive postura de amante:
As mulheres que foram de minha vida deram-me companhia e desgosto; Prazer e perguntas.
Seja por madureza ou urgência de alimento, vejo o amor existir somente em camadas de páginas de livros romanescos de pouco compromisso com a autenticidade, entretanto como uma figura de linguagem em disseminar a espera.

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A inclinação ao amor que ocupou as poesias precipitadas da vida que tenho apenas se mantém entre meus genes e minha abrasadora vaidade.
As linhas que ocupei descrevendo romances expõem um anseio que desconheci.
Afirmo permutar as mensagens metafóricas de amor por alguma realidade, qual, meramente, não tenho convicção em ter idolatria.
O amor que persiste é de ceguidade natural dos presunçosos: Breve.

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Devo amar e oferecer amor, mas atesto meu ateísmo quiçá não no sentimento, contudo em sua sobrevivência!
Espontaneamente a leitura, tal qual a invenção de páginas, é-nos - a todos- mais deleitável ao referirmo-nos a quimera; Ao que deveria ser sem necessidade de estímulos: Miragem.
Parece que faz anos desde que nasci, contudo existo: Tento poemas e me embriago.
Tenho ânsias e empreendo faltas diárias. Eis minha comprobação de vivência.
Má sorte do amor fenecido e dos vivos que embora resistam em enleio e em letargia
Têm apenas a alternativa inevitável entre a fraude (do amor) ou a insatisfatória e severa realidade.

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Luiz Felipe Angulo Filho