segunda-feira, 14 de maio de 2007

:: Liberdade de Minha Pessoa

Desafiei-me a mim,
Na presença de minha imagem que me seguia pela parede
Consumi o argumento recebido
E fiz-me, então, delinqüente disposto, expedito
Assumi um palco de pouca platéia
Mas todos aplicados; em silêncio
Formulei a primeira idéia, excelso.
Preferi as frases curtas, cujos limites me davam tempo de achar a rima
O conteúdo se fazia comum - conclusões de outrora
- E de candura envolvente, quase respostas.

Radiquei-me amigo do viver,
Na estupidez de minha pose
Convenci-me por ter a mim aplausos, cabeças em transe e concordâncias
Ao passo que desvendava todos os demais casos,
Comovido por mim, e a simpatia impoluta de quem me ouve
Movia-me permanentemente abastecido de convicções

Os cotovelos que tenho, erguiam-se admirados
E concluíam minha discussão comigo,
De remoque luso oblíquo como testemunha de veneração,
Sozinho, aprendia com quem ouvia
Repercutia os assuntos os mesmos, incessante e fiel
Não abstinha-me em manifestar-me,
Todavia, arrombava meu idêntico prejuízo moral
Forcei-me a coerência, todavia.

Mudos, a audiência se punha a escutar-me
Os gravetos d´água aplaudiam-me ao embate com o piso
Insistentemente, e minha letargia desaparecia,
Emudecia e dava lugar a moral
A qual, eu mesmo perdi
Ali, na extravagância do falecimento das efemeridades
Em virtude dos presentes, pus-me prudentemente parco
Apoiado pelos interpolados aplausos da quentura,
Que minha imagem já não via mais.

A demência punha-se a concurso a liberdade de mim;
Ao avesso à tradição dos cantos pejados
Estava-me eu, a largas explicações –
De curtas frases e rimas aquelas –
Decoradas pelo entusiasmo
Vi-me afortunado; liberto
Orgulhando-me do exercício
E do caráter da erudição, qual, foi – sim- indubitável!
Não houve discórdias nem apitos,
Não houve misericórdias nem sorrisos
Ouviam-se os gritos das pequenas partes d´água
Que suportavam ansiosos para livrar-me da insanidade que me pus

E, pois, restituir-me em quietação, elogios e silêncio.
Voltarei lacônico, talvez, mas penso que não.
Mas estarei, estúpido, a voltar um dia. Todo dia.

Luiz Felipe Angulo Filho