quinta-feira, 21 de julho de 2011

Prosa da Lamentação

Altíssimo, alcança envidar esta angústia de querer amor
Olor de cânforas precipitados pelas cincas triviais
Se os desgostos que temos são coisas normais
Faça-nos supremos ao trazerdes um olhar acolhedor
O supor da lembrança acerba de já ter um dia vivido,
E colhido alegrias do chão.
Alternas entre paz e amargura,
A dura vocação pelo amor.
Meu Deus...
Os sorrisos nasceram de pouco sem o esplendor dos caprichos
E os bichos nos ensinam a ser,
Os humanos exageram nas culpas e os atingidos se põem a doer
Esta dor toda e a de saudades do lícito
Indigentes os que criam mentiras dispostos por invadir
Algo que a verdade não possa e se faz explícito
O porquê existir os desencontros capazes de nos empobrecer
E a razão é aguda ao notar que os carentes que se fazem d´outros
Poucos, ou nenhum, têm espaço permanente
E sentem que têm muito, somente, a perder

Luiz Felipe Angulo Filho

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Se acaso fosses...

Se fugiste à desdita consorte,
Se com sorte saístes assim
Optara por alameda vazia,
Sem nenhuma poesia inventada por mim

Se não soluças meus lamentos noturnos,
E em minha vida diurna não choras por ela
Tu não choras por nada que valha,
Mas manténs a medalha de ter minha tutela

Se não renuncias nossos dias de riso,
Pesquiso se ainda há coração
No meu peito duram veias aflitas
E excitas meu resto de inspiração

Se não crias poesias movidas,
Se poesias tu não podes criar
Então, solte, eu escrevo sozinho
E penso baixinho pra ninguém escutar.

Luiz Felipe Angulo Filho

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Bom dia aos dias

Bom dia porque o dia é bom!
E disto não se contesta;
Se por algo o dia não for, durma
e amanhã lhe refaço a promessa.

Luiz Felipe Angulo Filho

terça-feira, 10 de maio de 2011

A contrario sensu

Eu amo porque é o que noto
e esta lástima me escolta
Quero teu namoro, ser eu de novo
A coisa que a ti importa


Anômalo faz-se o escoltar
o colóquio de seu desvelo
Habitual são as insídias, celeumas
que nos trairdes o canteiro

Se o instante, caso o tempo
se o começo, caso o fim
pretendo irrevogável que saibas
o quão, sempre, a almejo em mim


Alcanço que devasto,
este plácido período de apreço
Ocorres que meu mal é a poesia,
enquanto o seu mal desconheço.

Luiz Felipe Angulo Filho

domingo, 20 de março de 2011

Sujeito

Não tenho canto nem tempo.
Este enredo já exaurido de rotina
Tergiversa minha liberdade.
Não tenho esconderijo...
Pelas paragens não posso, senão, conviver.
Meus ensaios fracassados de sobrepujar as intercessões
Mostram-me que ainda tenho vida, porém sem canto e nem tempo.
Quem dera eu ter refúgio algum...
Lugar meu sem cães de companhia
Desejo viver não isolado, todavia em paz.
O que ladra me priva do silêncio,
Donde elucubro e assento-me em atitude de fala.
A paz deve ter, creio, algo de sigiloso.
Os conflitos horários solvam a reflexão,
Apresam em recinto invasivo e, sim,
Desta resistência se faz a morte, não vida.

Luiz Felipe Angulo Filho

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Homônimo

Diante da morte a vida é mandatória
A possibilidade de um fim, quiçá súbito,
Creio, faz da respiração uma atividade benta

Jazer em vida exige certo querer ser ditoso,
Coisa insuficiente...Ponderada e assolada pela indigência
De ser apenas o que os seguintes cobiçam de nós.
Ante a possibilidade do riso, o amor se deriva.
O abatido que persiste em não ser, não ama:
Não ama primeiramente a si.
E se conduz como quem sublima o medíocre
Tergiversa a racionalidade do juízo, que agasalha o corpo de auguras.
Deste modo a fortuna é reduzida a engano, engodo: coisa.
A vivência é ditada, não há liberdade em períodos de não encanto.
De modo impetuoso a convenção sobrepuja a genuinidade...
Eis que a poesia é ameaçada pela queima de calorias,
Os sorrisos são inventados e a paixão convalesce.
Diante da morte a vida é unívoca;
Homonímia: Tornam-se sinônimos.

...
Luiz Felipe Angulo Filho