sexta-feira, 30 de março de 2007

DESCREVE O LABIRINTO CONFUSO DE SUAS DESCONFIANÇAS

As circunstâncias falam por si. A poesia emprega à circuntância um atalho para o sentimento, para a conclusão e, ainda, para conclusão. O que digo é que a poesia, como todas as artes, nos descreve sentimentos recheados de circunstâncias, as quais podemos indentificar verdades, romantismos, poesia.

A alegria e a tristeza pouco tem a ver com a poeisa, talvez estes estados nos impossibilitam de ouvir uma determinada música ou de assistir à um determinado filme, mais a poesia é livre. Para se ter poesia, há de se ler; Há de se interessar logo pelas primeiras linhas; Há de concordar ou, então, ansiar pelo conteúdo e, finalmente, há de se admirar seu final.


Ó caos confuso, labirinto horrendo
Onde não topo luz, nem fio amando
Lugar de glória, aonde estou penando,
Casa da morte, aonde estou vivendo!
...
Ó voz sem distinção, Babel tremendo
Pesada fantesia, sono brando,
Onde o mesmo, que toco, estou sonhando
Onde o próprio, que escuto, não entendo!
...
Sempre és certeza, nunca desengano
E a ambas propensões, com igualdade
No bem te não penetro, nem no dano.
...
És ciúmes martírio da vontade,
Verdadeiro tormento para engano,
E cega presunção para verdade.
Gregório de Matos

terça-feira, 27 de março de 2007

PRINCÍPIO 90 / 10

De fato: "Eu sou eu e minha circunstância". - Há pouco recebi o texto abaixo de uma pessoa muito especial. Lembro-me de já ter dito milhares de coisas sobre nos relacionarmos com o conteúdo da poesia, prosa e tudo mais. E, também, lembro-me de ter me permitido em alguns outros tantos momentos em postar não poesias, mas letras de músicas e até comentários políticos. O que vale é a reflexão; A descontração, a distração. Ler, realmente, não é sempre bom. Ler coisas boas sim. Boa leitura!

Que princípio é este?

Os 10% da vida estão relacionados com o que se passa com você, os outros 90% da vida estão relacionados com a forma como você reage ao que se passa com você.
O que isto quer dizer? Realmente, nós não temos controle sobre 10% do que nos sucede. Não podemos evitar que o carro enguice, que o
avião atrase, que o semáforo fique no vermelho. Mas, você é quem determinará os outros 90%.. Como? Com sua reação.
Exemplo: você está tomando o café da manhã com sua família. Sua filha, ao pegar a xícara, deixa o café cair na sua camisa branca de
trabalho. Você não tem controle sobre isto. O que acontecerá em seguida será determinado por sua reação.
Então, você se irrita. Repreende severamente sua filha e ela começa a chorar. Você censura sua esposa por ter colocado a xícara muito na beirada da mesa.. E tem prosseguimento uma batalha verbal.
Contrariado e resmungando, você vai mudar de camisa. Quando volta, encontra sua filha chorando mais ainda e ela acaba perdendo o ônibus
para a escola. Sua esposa vai pro trabalho, também contrariada. Você tem de levar sua filha, de carro, pra escola. Como está atrasado,
dirige em alta velocidade e é multado.
Depois de 15 min. de atraso, uma discussão com o guarda de trânsito e uma multa, vocês chegam à escola, onde sua filha entra, sem se despedir
de você.
Ao chegar atrasado ao escritório, você percebe que esqueceu de sua maleta. Seu dia começou mal e parece que ficará pior. Você fica ansioso pro dia
acabar e quando chega em casa, sua esposa e filha estão de cara fechada, em silêncio e frias com você.
Por quê? Por causa de sua reação ao acontecido no café da manhã. Pense: por quê seu dia foi péssimo?
A) por causa do café?
B ) por causa de sua filha?
C) por causa de sua esposa?
D) por causa da multa de trânsito?
E) por sua causa?
A resposta correta é a E. Você não teve controle sobre o que aconteceu com o café, mas o modo como você reagiu naqueles 5 min. foi o que deixou seu dia ruim.
O café cai na sua camisa. Sua filha começa a chorar. Então, você diz a ela, gentilmente: "está bem, querida, você só precisa ter mais cuidado". Depois de pegar outra camisa e a pasta executiva, você volta, olha pela janela e vê sua filha pegando o ônibus. Dá um sorriso e ela retribui, dando adeus com a mão.
Notou a diferença? Duas situações iguais, que terminam muito diferente. Por quê? Porque os outros 90% são determinados por sua reação.
Aqui temos um ex. de como aplicar o Princípio 90/10. Se alguém diz algo negativo sobre você, não leve a sério, não deixe que os comentários negativos te afetem. Reaja apropriadamente e seu dia não ficará arruinado.
Como reagir a alguém que te atrapalha no trânsito? Você fica transtornado? Golpeia o volante? Xinga? Sua pressão sobe? O que acontece se você perder o emprego? Por quê perder o sono e ficar tão chateado? Isto não funcionará. Use a energia da preocupação para procurar outro trabalho. Seu vôo está atrasado, vai atrapalhar a sua programação do dia. Por quê manifestar frustração com o funcionário do aeroporto? Ele não pode fazer nada. Use seu tempo para estudar, conhecer os outros passageiros.
Estressar-se só piora as coisas.
Agora que você já conhece o Princípio 90/10, utilize-o. Você se surpreenderá com os resultados e não se arrependerá de usá-lo.
Milhares de pessoas estão sofrendo de um stress que não vale a pena, sofrimentos, problemas e dores de cabeça. Todos devemos conhecer e praticar o Princípio 90/10.


Pode mudar a sua vida!

Stephen Covey

domingo, 25 de março de 2007

DESABAFOS DE UM BOM MARIDO - Luís Fernando Verísimo

Tenho sentido falta de um pouco de humor. Não especificamente aqui, no blog, mas na vida: No trabalho, onde há uma orientação excessivamente direcionada para a produção. Nas famílias, quando nos preocupamos e cuidamos indiscriminadamente de tudo e todos; Nos problemas e nos nossos defeitos rotineiros; E na poesia, onde o amor e a dor ganham maior espaço. Portanto, boa leitura:


"Minha esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar.
Duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa,uma boa bebida, e um bom companheirismo: Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas.

Nós também dormimos em camas separadas. A dela é em Maceió e a minha em São Paulo.

Eu levo minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta.

Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento.
''Em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!'' ela disse. Então eu sugeri a cozinha.

Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras.

Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica.
Então ela disse: ''Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar''.
Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.

Lembrem-se.... O casamento é a causa número 1 para o divórcio.
Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento.

Eu me casei com a ''Sra Certa''. Só não sabia que o primeiro nome dela era ''Sempre''.

Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.

Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha.

Ela perguntou:''O que tem na TV?'' E eu disse, ''Poeira''.

No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou.
Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem o Mundo tiveram mais descanso."


Luís Fernando Veríssimo

terça-feira, 20 de março de 2007

Moço Velho

Insisto em algo que tenho dito repetidas vezes por aqui: Não há quem não goste de poesia. Há quem não conheça, quem não tenha encontrado seu gênero ou quem, ainda, não tenha se identificado com um autor. Mas a arte - música, poesia, cinema - nos retrata exatamente fatos reais. Mesmo quando há elementos abstratos, nossos sentimentos são acionados e, com isso, nossa memória, nossas sensações. Isto define, de uma forma generalista, nosso gosto pela arte. Na minha opinião, tudo ganha ainda mais expressão quando nos encontramos. Quando lemos algo nosso, escrito por outro (a). Quando descobrimos sentimentos nossos, descrito pela música, pela arte. Imagino que seja um papo chato para quem não tenha, ainda, se encontrado, mas vale a dica: Não há quem não goste de poesia.



"Eu sou um livro aberto sem histórias,
um sonho incerto sem memórias,
do meu passado que ficou.

Eu sou um porto amigo sem navios,
um mar abrigo a muitos rios,
eu sou apenas o que sou

Eu sou um moço velho, que já viveu muito,
que já sofreu tudo e já morreu cedo
Eu sou um velho moço que não viveu cedo
que não sofreu muito e não morreu tudo

Eu sou alguém livre
Não sou escravo e nunca fui senhor.
Eu, simplesmente,
sou um homem que ainda crê no amor."
Silvio César

sexta-feira, 16 de março de 2007

:: INDEFINIDO CAMINHO (percorro)

"Os períodos se encarregam em mostrar o que não importa
Criamos dificuldades na posta da rotina qual não nos envaidece,
Mas não mata, nem sequer fere; Apenas incomoda.
Encontro o ar que meu corpo requer,
Mas desdenho...
E desvio minha culpa para outro lado qualquer
O lado do cheiro da analogia que fizeste

Não és minha por um genuíno acaso
Por mau senso, desencontros e não desamor
Mas se foras, seguirás sempre minha, não importa o que for
Se não fores é porque nunca teve meu caso
Tu, então, te importas com o medo
Eu, agora, me importo com a flor.

Minha rainha de nome qualquer, sabes o quanto espero por ti?
De tudo que tive, fiz-me discente das iras do mundo que falam por si.

Sempre te tive sem ao menos chorar,
Chorei depois, nesta hora infinda de mim
Os tempos trarão nossos tempos, que sem fobia
Trar-nos-ão o que foi-nos outrora, ou não."
Luiz Felipe Angulo Filho

segunda-feira, 12 de março de 2007

:: Vivi como me ensinaram...

Vivi como me ensinaram. Procurando. Engatando relacionamentos para o resto
da minha vida, encontrando amigos que envelhecerão comigo e conhecendo pessoas
que, por algum motivo, trarão sentido para alguma coisa a qual eu não sei o quê.
Errei, pois todos o fazem. Aprendi com os erros e persisti como recomendam; Hesitei
o acordo, inventei promessas e me fiz personagem de uma história de todos:
Perfeita. Tentei, absolutamente em vão, encobrir o rasgo de minha calça. Assim
como o fiz com a seda falsa da bailarina, menti – pra mim – e
acreditei.

Onde estão as personagens do sempre? Do resto da vida?
Posso retornar o contato e cobrar, então, o amor que me prometeram? Afinal, era
para o resto de minha vida! Está valendo, em vigência. É um contrato vitalício
que, imagino, só possa ser rompido por fraude ou descumprimento
de alguma cláusula. Eu não o fiz: Paguei minhas contas, fui honrado ao contrato.
E os amigos de outros tempos, estes ao menos não abusaram das promessas, mas
sonharam. Eu sonhei. Dentro daquela história compreendiam-se amigos de verdade,
poucos, mas eternos; Uma bela moça – a mais bonita – e paz
absoluta..

Vivi como me ensinaram. Não sei quem, não eu, nem você,
alguém. Todos! Procurei ser menino e abusei da meninice, coloquei-me como adulto
e exagerei na dose. As pessoas já se foram, exceto aqueles que o relato
subestima. Acumulei promessas, minhas, dos outros, todas pra sempre. Umas outras,
inclusive, “até a morte” ou “ até o último dia da minha vida”. Um punhado de
contratos falados impunemente me autorizando e confortando-me, de modo que em
qualquer lugar, independente de onde esteja eu devo contar com eles. Amores e
amigos.

Confundo o que é história e o que é mentira. Ladainha,
lengalenga, cantilena – Lábia mesmo! Ilusão, talvez seja mais apropriado. Mas
exclusivamente para quem está de fora ou curado do exagero de realidade, até
este ponto é mentira mesmo e das feias! Rude, estúpida e inconseqüente mentira.
De todos! Para o resto da vida? - Não, obrigado. Sei que não tens a me oferecer.
Ninguém. Nem eu pra ti. Podemos negociar algo mais a curto prazo e, adianto, a
duração desta história será inversamente proporcional ao menor número de
mentiras, ladainhas e lengalengas. Quanto menos engodo, mais tempo teremos.
Portanto, se for para ser para o resto da vida, que não haja este
comprometimento. Assim, talvez, realmente aconteça.

Luiz Felipe Angulo Filho

quarta-feira, 7 de março de 2007

Fernando Pessoa

Minha avó já dizia o que eu iria sentir. Via que éramos semelhantes, mesmo de muito garoto. De algum modo soberano, previu pelo que eu me interessaria e, também, o que me faria sofrer: As mesmas coisas que ela.
Tenho um livro antigo (antigo mesmo) de Fernando Pessoa, que de certo foi de minha avó. Tentei achar em algum lugar o ano da publicação, mas não achei. Imagino que tenha, no mínimo, uns 40 anos. Entre as poesias de Pessoa, há algumas marcadas - Com um pedaço de papel rasgado cuidadosamente (Este papel, quase tão antigo quanto o próprio livro). - Gosto de imaginar que, pacientemente, trata-se de uma indicação da antiga dona para mim. Essa poesia abaixo é uma delas.

Sol nulo dos dias vãos,
Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!

Que ao menos a mão, roçando
A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!

Senhor, já que a dor é nossa
E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém!


Fernando Pessoa

segunda-feira, 5 de março de 2007

Futuros Amantes


"Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você "
Chico Buarque

sexta-feira, 2 de março de 2007

A Implosão da Mentira

Fragmento 1

Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.


Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.


Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.


Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.

Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.


Affonso Romano de Sant'Anna