segunda-feira, 16 de julho de 2007

Não Passou

Muitas das coisas que tento, com insistência exagerada, em minhas linhas é arrumar palavras que me valham um sentimento, às vezes dois ou três. Penso que na maioria das vezes fracasso; Muito embora, o exercício me valha demais. Faz-me bem, ao menos, tentar. No entanto, a discussão atual que mais me entretem é o fato da real existência destes sentimentos exagerados: Amor demais, dor demais, tempo demais. Tudo é demais? Não pode se tratar de idéia pura, é exagero de meninice - Criançola, como li em Dom Casmurro;

"A experiência de nada serve à gente.
É um médico tardio, distraído:
Põe-se a forjar receitas
quando o doente já está perdido..."
Mário Quintana
...
NÃO PASSOU
Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.
Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos-
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?
Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realemente.
É tudo ilusão de ter passado.
Carlos Drummond de Andrade