quinta-feira, 26 de julho de 2007

A morte absoluta

Desculpem-me sinceramente aos amigos que acompanham-me por aqui. Nos úlitmos dias tive um encontro de muitas para resolver e indefinições em minha cabeça. Sei não, mas as últimas semanas muitas coisas aconteceram, para todos os lados; Mas é para ser assim, não? Os dias passam independente de nós e as coisas acontecem a todo tempo, em todos os lugares. Bem diz é minha mãe quando censura nossos hábitos de negarmos a certeza da morte desperdiçando bons momentos da (incerta) vida de agora.

E, então, depois de tomar emprestado algumas de Pessoa e Drummond, os mais presentes nos últimos, trago Quintana. Pretendo explorar um pouco de sua obra, trazendo algumas das valorosas linhas que escrevera. Boa leitura!

...

Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome.

Mário Quintana