segunda-feira, 2 de julho de 2007

Motivo

Volto à poesia dos bons. E dos grandes desta vez. Como estou de descanso, reli senão todas, grande parte dos contos e poesias que tenho por aqui. Fiquei satisfeito, especialmente com a sinceridade proposta; Com o resultado e o significado de cada uma delas e, assim, vi Cecília Meireles. Não me lembro de cabeça agora se tenho outra por aqui além de Cecília, mas a predominância dos que assinam minhas postagens é toda masculina. É certo que boa parte das linhas que trouxe vieram de cabeças masculinas inspiradas pela mulher, mas ela também assume autoria, se inspira e escreve e muito!
...

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.


Cecília Meireles