sexta-feira, 6 de julho de 2007

.:: Falsa ode às lagrimas do mundo ::.

"Enquanto acusava a mim de dor, -
E, porquanto, me tinha solitário de tantos confortos -
Enfraquecia-me em domicílio,

detestando o tempo e a água fria.
Eis que aludia-me a gramática de versos muitos

e esforçava-me, ao menos, às prosódias de
minha boca em satisfação a mim.
Tinha por tanto que ocupava um papel de
finório,
por isso as palavras difíceis, sem uso
sequer;

Ao fim de exprimir este movimento de
mim,
em aclamar por ser e nem tanto sentir,
o que me encontro sobejamente;
Sinto como apenas sentisse,
exaustivamente;

Hei de comprimir meus sentimentos ou,
por então, manifestá-los ao que for aceito
pelos corpos que são outros

e, por assim, reservam distintas
lembranças de histórias comuns.
(Vasculhem os auxílios gramaticais; és
improfícuo, vão a traduzir a alma humana. Nem sei que insisto…)


Pus-me em atitude de choro
encoberto,
e permiti as lágrimas que vieram.
Ou simplesmente choro, para aqueles que
vêm tarde.


Em mim mitigaram as laterais da face,
ressecadas da umidade de meu próprio
produto;

Enfim, vi-me em frente ao resto que tinha,
minha vida

(como se apresenta unânime as palavras,
quão fortes se valem; Vida, jamais teremos sequer sinônimo);
Minha vida.

Ao outro lado, defronte, sorria, à todos,
mordidas claras de um couro colorido.
Uma mulher que se faz existir apenas, uma,
apenas;

Portava silhueta recta, pernas compridas
e ao fim de todas duas, pecíolos dourados
apontados ao chão.

O calcanhar era mais alto que os dedos;
Estes suportavam a beleza exagerada de
quem vinha,
minha; Minha última mulher.
Soube de nada, pouco apenas.

Não me pus a decifrar e, então,
edifiquei-me os meus em acariciá-la;
Sabia, a altura, das extravagâncias que
acossava:
Eras uma, de olhos diretos e de
soslaios
e mãos iguais as quais me uno em sonhos de
princesa.

Transfigurava-se à medida em que guardava
sua vigília sem muita esperança,

pois o perdera em outra poesia.
Esposa de desejo excessivo em não desejar;
Repudia o tabaco e da mesma forma esperar.
Pedia-me que fosse, e implorava por
ser.


Ah… Quantos significados têm as
palavras.
Ao que afortuno-me em usá-las passivas,
serão sempre poucas, que acham?
És comovente o sentimento;
A impossibilidade de resumo,
mas confusas e poucas.
São estas as palavras que
trago,
em inumeráveis linhas quais
significam o labirinto em que convido-os.

Pobre dos amantes...
Incompreendidos e, pior, mesmo tendo com
todos,
mal saberão o que são, amantes, que amam
e, alguns,
improvisam versos de afirmações repetidas,
como as minhas linhas de tristeza e completude.

É amor e amiúde, sustido e oprimido
pelas poucas opções das palavras.


Ela, de unhas vizinhas ao chão, me veio ao
regaço;

Via, por este instante, o que jamais
buscarei aventura em descrever

Chegava-me a comenda de outrora, encargo
antigo e amigo

Pedira, igualmente, que o tempo fosse
bom,
em princípio quando mais verosímel ao
choro -
Chorar é palavra de poesia, contudo
acontece -
E ao reconhecer a sombra no chão de uma
alma,
olhardes para nós, vida, e, por assim,
satisfaça-te a ti na conquista de tantos
outros corações.

Muito embora, a dor não sumira,
o choro insiste e a solidão entorpecida em
ainda ser;
consome-nos sem razão, mas o faz.
As dores de antes, insistem.
Assim, ao que não posso não ter contigo,
vida,
o papel de estéril, molesto;
Basto e agradeço, adormecido,
dolorido e apaixonado."

Luiz Felipe Angulo Filho