Quando li o texto abaixo, que foi-me encaminhado por uma grande amiga, hoje pela tarde, me lembrei de Spinoza! O Filósofo, bacanão do séc. XVII, racionalista. Ele trás em seus projetos muitas questões relacionadas às nossas alternativas na vida. Acho interessante quando ele afirma que a nossa liberdade é restrita à nossa capacidade de sabermos que somos determinados. É um pensamento as vezes contraditório, mas ele reforça dizendo que não somos livres para optarmos pelo não, mas sim em compreendermos o sim. Eu encontrei muito deste pensamento dele neste texto abaixo.
Mas e se agora saísse o sol e a chuva,
assim tudo junto, e a onda quebrasse
em gargalhadas, o silêncio falasse e o meu
sapato encontrasse um caminho longe de mim?
E se agora não tivesse nada de
cabelos, roupas, emissões, numerais, fios,
indústrias, esperas e finais?
E se agora a casa fosse nossa e a
rua ainda fosse nossa casa,
de vizinho qualquer sorriso, de certeza
só a gente, meu descanso sem sininhos,
meus futuros sempre descalços e os sons
só os nossos, e os muros mais simpáticos
e todo mundo sem vergonha
e todo mundo lá na sala?
E se hoje fosse o amanhã querido,
o depois melhor pensado, o momento pra já?
E se o pulo fosse mais alto e as lâmpadas não
queimassem minha paciência de buscar escadas,
e se os livros fossem de comer e se o meu violão
deixasse de ser tão tímido?
E se o corpo não precisasse cansar
pra descansar, chorar para suspirar,
espirrar pra andar de meia e dormir para sonhar?
E se os cegos pudessem ouvir as cores e os
surdos pudessem enxergar o barulho da
campainha desesperada de saudade que
um amor cheio de defeitos toca deseperadamente?
E se o desespero fosse só um amor apressado
e a confusão fosse mais educada e comportada?
E se as ciladas fossem brincadeiras
e as maldades só um tempero que não fizesse parte desse prato?
E se a gente pudesse agora?
Proporcionar a todos os usuários e fundamentalmente para mim, um módico arquivo digital de cultura. Esta é a razão de ser deste Blog. Intervenções precisas, como fez Camões, sem manter um verso em falso; Lamentos de amor de Vinícius, em prosa e verso, falado e cantado; a Esquizofrenia contagiosa de Pessoa; as letras soberanas de Chico Buarque; Os conselhos ditados por Drummond; E por fim, algumas das bestialógicas quais produzo em linhas pretenciosas, todavia bem intencionadas.