sexta-feira, 23 de junho de 2006

:: Relatos de uma verdade vencida

Esgota-me o tempo.
Trato de persuadir-me, a mim, na opressão de respostas.
Convivo com ruídos, um arrazoado de idéias prontas e de raciocínio nenhum.
Encontre-me ermo; Fanático por respostas, distribuindo perguntas e negligenciando a verdade. Passeio acompanhado de mim, e dos meus, por margens próximas a ruínas que enxergo com clareza – só elas. Mesmo que adiante haja o encontro que de tão incomum, faço-o oculto. Reivindico a compreensão de todos em única palavra. Declaro-me distante, incapaz, mouro – Em uma fruição de esperança de mim mesmo, prego aos outros a vida. A mesma que não enxergo para mim, que faço oculta. Pelejo por me obstruir. Detalho passo a passo meu caminho por trás de um púlpito alto que me protege; E a frente de um auditório que se divide entre aplausos eufóricos, entusiastas de admiração e conforto, e olhos intratáveis, disparando-me incompreensão e indiferença. Não sei a quem escutar... Insisto na procura do equilíbrio, desejando intimamente total predominância dos aplausos! Encontro-me ermo (novamente) – Descampado de mãos circundando meu corpo e acariciando meus erros, sinto no peito o desconforto do medo. Quando interrompido, descrevo ao mundo minhas verdades – como se elas existissem. Faço-me herói em um território de bandoleiros. Sinto-me desleal ao meu próprio querer ao tempo que meus anseios se parecem mais com uma reivindicação pública, distante de mim mesmo. Reúno minhas respostas e as distribuo à todos, deixando-me claro que elas não me valem. Interrompo-me, súbito. Calo-me e sobrevivo. Uso de meus pensamentos para apoiar-me, e aos outros, sobre destroços de realidades vencidas, ermo – Espero-te por mim; Entrego-me a ti, vida, e faço esperança de errar, mais e amiúde, e quem sabe um dia acertar de tanto errar mais do que pude.”

Luiz Felipe Angulo Filho, 2006