Este soneto abaixo, foi-me enviado por uma amiga: Nova amiga. Obrigado!
Na pressa de te esquecer
Me atropelo, me esquivo,
Me confundo e me arrisco
Mas como saber o que é te ter
Sem nunca ter te sentido
Em um beijo, em um toque,
Em um simples olhar
...Ah! Meu amor de nunca
Você passou sem me ver
Roçou teu corpo no meu
Senti o perfume suave
Dos cabelos ainda molhados
Minha mão não te alcançou
Nem meu olhar conseguiu te prender...
Ainda hoje tão só
Eu sigo tuas pegadas
Eu busco tudo que fazes
Eu me fecho nas lembranças
Do que não tenho pra lembrar
E assim apaixonada
Não consigo te dizer adeus...
Inez Sodré
Proporcionar a todos os usuários e fundamentalmente para mim, um módico arquivo digital de cultura. Esta é a razão de ser deste Blog. Intervenções precisas, como fez Camões, sem manter um verso em falso; Lamentos de amor de Vinícius, em prosa e verso, falado e cantado; a Esquizofrenia contagiosa de Pessoa; as letras soberanas de Chico Buarque; Os conselhos ditados por Drummond; E por fim, algumas das bestialógicas quais produzo em linhas pretenciosas, todavia bem intencionadas.
quinta-feira, 29 de junho de 2006
terça-feira, 27 de junho de 2006
Soneto do Maior Amor
Como já comentei em algumas ocasiões, a razão de ser deste blog é reunir pensamentos. Textos, sonetos etc. - ate comentários, resenhas - mas tudo que, invariávelmente haja conexão com minha realidade. Com meu momento, talvez, já que oscilamos tanto. Por isso esta mistura, ao meu ver contrutiva, entre textos meus e materiais consagrados de gênios da literatura e da poesia.
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Vinícius de Moraes
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Vinícius de Moraes
segunda-feira, 26 de junho de 2006
Cordel da Mulher Ideal
Cordel é um estilo de poesia muito praticado no Norte e Nordeste. É quase um repente, mas com uma tempero de poesia: Não tão descontraído como um repente, mas muito mais alegre que uma simles poesia. A leitura de um Cordel não é diferente de uma outra leitura qualquer. O que caracteriza o Cordel é a interpretação! Seguidores de Alceu Valença por todo o Brasil criam cordéis em homenagens à pessoas especiais, amores, terrores e frustrações. É um punhado de rímas sentidas, de amor machucado - parafraseando Vinícius - mas comporta variações: Humor, sentimento, emoções... Enfim, é uma grande opção de arte: Brasileira e fundamentalmente Nordestina.
Quando mais me parecia distante
Errante, lendária e cruel
Eis que me surge uma fonte
Um olhar que conduz o horizonte
Do antes presente constante,
E agora versada em cordel
De pequena passei a ser grande
Aceito esta aventura berrante?
De certo seguirei sempre em fronte
Em busca de paz o bastante
E ao passo que aceito o flagrante
Faço, logo, na terra o meu pouco de céu
Conduzo uma chama brilhante
Um traque em coro
Uma alma de ouro
Enamoro a quem vive oscilante
Do embuste da paz integral
Então vivo, convivo e prometo
Resisto, apoio e me deixo
Aceitar meu destino de mulher ideal.
Quando mais me parecia distante
Errante, lendária e cruel
Eis que me surge uma fonte
Um olhar que conduz o horizonte
Do antes presente constante,
E agora versada em cordel
De pequena passei a ser grande
Aceito esta aventura berrante?
De certo seguirei sempre em fronte
Em busca de paz o bastante
E ao passo que aceito o flagrante
Faço, logo, na terra o meu pouco de céu
Conduzo uma chama brilhante
Um traque em coro
Uma alma de ouro
Enamoro a quem vive oscilante
Do embuste da paz integral
Então vivo, convivo e prometo
Resisto, apoio e me deixo
Aceitar meu destino de mulher ideal.
Luiz Felipe Angulo Filho, 2006
sexta-feira, 23 de junho de 2006
:: Relatos de uma verdade vencida
Esgota-me o tempo.
Trato de persuadir-me, a mim, na opressão de respostas.
Convivo com ruídos, um arrazoado de idéias prontas e de raciocínio nenhum.
Encontre-me ermo; Fanático por respostas, distribuindo perguntas e negligenciando a verdade. Passeio acompanhado de mim, e dos meus, por margens próximas a ruínas que enxergo com clareza – só elas. Mesmo que adiante haja o encontro que de tão incomum, faço-o oculto. Reivindico a compreensão de todos em única palavra. Declaro-me distante, incapaz, mouro – Em uma fruição de esperança de mim mesmo, prego aos outros a vida. A mesma que não enxergo para mim, que faço oculta. Pelejo por me obstruir. Detalho passo a passo meu caminho por trás de um púlpito alto que me protege; E a frente de um auditório que se divide entre aplausos eufóricos, entusiastas de admiração e conforto, e olhos intratáveis, disparando-me incompreensão e indiferença. Não sei a quem escutar... Insisto na procura do equilíbrio, desejando intimamente total predominância dos aplausos! Encontro-me ermo (novamente) – Descampado de mãos circundando meu corpo e acariciando meus erros, sinto no peito o desconforto do medo. Quando interrompido, descrevo ao mundo minhas verdades – como se elas existissem. Faço-me herói em um território de bandoleiros. Sinto-me desleal ao meu próprio querer ao tempo que meus anseios se parecem mais com uma reivindicação pública, distante de mim mesmo. Reúno minhas respostas e as distribuo à todos, deixando-me claro que elas não me valem. Interrompo-me, súbito. Calo-me e sobrevivo. Uso de meus pensamentos para apoiar-me, e aos outros, sobre destroços de realidades vencidas, ermo – Espero-te por mim; Entrego-me a ti, vida, e faço esperança de errar, mais e amiúde, e quem sabe um dia acertar de tanto errar mais do que pude.”
Luiz Felipe Angulo Filho, 2006
Trato de persuadir-me, a mim, na opressão de respostas.
Convivo com ruídos, um arrazoado de idéias prontas e de raciocínio nenhum.
Encontre-me ermo; Fanático por respostas, distribuindo perguntas e negligenciando a verdade. Passeio acompanhado de mim, e dos meus, por margens próximas a ruínas que enxergo com clareza – só elas. Mesmo que adiante haja o encontro que de tão incomum, faço-o oculto. Reivindico a compreensão de todos em única palavra. Declaro-me distante, incapaz, mouro – Em uma fruição de esperança de mim mesmo, prego aos outros a vida. A mesma que não enxergo para mim, que faço oculta. Pelejo por me obstruir. Detalho passo a passo meu caminho por trás de um púlpito alto que me protege; E a frente de um auditório que se divide entre aplausos eufóricos, entusiastas de admiração e conforto, e olhos intratáveis, disparando-me incompreensão e indiferença. Não sei a quem escutar... Insisto na procura do equilíbrio, desejando intimamente total predominância dos aplausos! Encontro-me ermo (novamente) – Descampado de mãos circundando meu corpo e acariciando meus erros, sinto no peito o desconforto do medo. Quando interrompido, descrevo ao mundo minhas verdades – como se elas existissem. Faço-me herói em um território de bandoleiros. Sinto-me desleal ao meu próprio querer ao tempo que meus anseios se parecem mais com uma reivindicação pública, distante de mim mesmo. Reúno minhas respostas e as distribuo à todos, deixando-me claro que elas não me valem. Interrompo-me, súbito. Calo-me e sobrevivo. Uso de meus pensamentos para apoiar-me, e aos outros, sobre destroços de realidades vencidas, ermo – Espero-te por mim; Entrego-me a ti, vida, e faço esperança de errar, mais e amiúde, e quem sabe um dia acertar de tanto errar mais do que pude.”
Luiz Felipe Angulo Filho, 2006
quinta-feira, 22 de junho de 2006
Mensagem de uma grande amiga....
"Eu pedi Força...e Deus me deu Dificuldades para me fazer forte;
Eu pedi Sabedoria...e Deus me deu Problemas, bastantes problemas, para resolver;
Eu pedi Prosperidade...e Deus me deu Cérebro e Músculos para trabalhar;
Eu pedi Coragem... e Deus me deu Perigo para superar;
Eu pedi Amor... e Deus me deu pessoas com Problemas para ajudar;
Eu pedi Favores... e Deus me deu Oportunidades;
Eu não recebi nada do que pedi, mas exatamente tudo o que precisava...."
Mensagem enviada por Fabi Herculano, grande amiga
Eu pedi Sabedoria...e Deus me deu Problemas, bastantes problemas, para resolver;
Eu pedi Prosperidade...e Deus me deu Cérebro e Músculos para trabalhar;
Eu pedi Coragem... e Deus me deu Perigo para superar;
Eu pedi Amor... e Deus me deu pessoas com Problemas para ajudar;
Eu pedi Favores... e Deus me deu Oportunidades;
Eu não recebi nada do que pedi, mas exatamente tudo o que precisava...."
Mensagem enviada por Fabi Herculano, grande amiga
quarta-feira, 21 de junho de 2006
A Brusca Poesia da mulher amada
Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado. Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja sido herói sem mácula. Meu irmão, verifica-me a pressão, o colesterol, a turvação do timol, a bilirrubina: - Maria, prepara-me uma dieta de baixa calorias, preciso perder cinco quilos! Chamem-me a massagista, o florista, o amigo fiel para as confidências e comprem bastante papel; quero todas as minhas esferográficas alinhadas sobre a mesa, as pontas prestes à poesia.
Eis que se anuncia de modo sumamente grave a vinda da mulher amada, de cuja fragrância já me chega o rastro.É ela menina, parece de plumas... E seu canto inaudível acompanha desde muito a migração dos ventos Empós meu canto. É ela uma menina.Como um jovem pássaro, uma súbita e lenta dançarina que para mim caminha em pontas, os braços suplicantes do meu amor em solidão.
Sim, eis que os arautos da descrença começam a encapuçar-se em negros mantos para cantar seus réquiens e os falsos profetas a ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras. Mas nada a detém; ela avança, rigorosa em rodopios nítidos, criando vácuos onde morrem as aves. Seu corpo, pouco a pouco abre-se em pétalas... Ei-la que vem vindo, como uma escura rosa voltejante; Surgida de um jardim imenso em trevas.Ela vem vindo... Desnudai-me, aversos! Lavai-me, chuvas! Enxugai-me, ventos! Alvoroçai-me, auroras nascituras! Eis que chega de longe como a estrela, de longe como o tempo, a minha amada última!
Vinícius de Moraes - Rio de Janeiro, 1963
Eis que se anuncia de modo sumamente grave a vinda da mulher amada, de cuja fragrância já me chega o rastro.É ela menina, parece de plumas... E seu canto inaudível acompanha desde muito a migração dos ventos Empós meu canto. É ela uma menina.Como um jovem pássaro, uma súbita e lenta dançarina que para mim caminha em pontas, os braços suplicantes do meu amor em solidão.
Sim, eis que os arautos da descrença começam a encapuçar-se em negros mantos para cantar seus réquiens e os falsos profetas a ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras. Mas nada a detém; ela avança, rigorosa em rodopios nítidos, criando vácuos onde morrem as aves. Seu corpo, pouco a pouco abre-se em pétalas... Ei-la que vem vindo, como uma escura rosa voltejante; Surgida de um jardim imenso em trevas.Ela vem vindo... Desnudai-me, aversos! Lavai-me, chuvas! Enxugai-me, ventos! Alvoroçai-me, auroras nascituras! Eis que chega de longe como a estrela, de longe como o tempo, a minha amada última!
Vinícius de Moraes - Rio de Janeiro, 1963
Assinar:
Postagens (Atom)