Há ainda pouco tempo, ou talvez não seja ainda tão recente, mas me lembro claramente de minha isenção a todos e quaisquer assuntos ligados a Política. Ok, excelente compreender quem foram nossos estadistas, quais foram as merdas que fizeram em nosso país e, por que não, termos acesso às coisas boas: A fase das indústrias no Brasil de JK, o Plano Real de FHC e até a abertura dos portos de Collor. Sim, houve coisas boas - poucas, mas existiram. Infelizmente, por conta de motivos maiores que nós, acabamos por nos envolvermos, questionarmos e então atingimos o topo maior do envolvimento político: Reivindicamos.
No entanto, o que está em voga agora são os partidos: Estes clubes de corrupção explícita que até o nome de Deus andam usando em prol da candidatura. Democracia! É este o nome que se dá para nosso sistema, solidário e altruísta que se empenha para oferecer livremente aos eleitores opções. Mas alguém compreende o Sistema Nacional Eleitoral? Há duas ou três eleições, estúpidos usuários da Internet insistem em difundir e-mails afirmando que o voto Nulo é uma boa opção, porque se atingíssemos 51% poderíamos ter cancelamento imediato das candidaturas dos caras... Bom, para um povo que tem um dos maiores índices de analfabetismo do mundo, não é difícil compreender a idiotice - Mas voltando ao nosso Sistema Eleitoral, este que temos e não sabemos; Este que direciona votos para Partidos e não necessariamente para candidatos; Este que só existe em dois lugares do mundo: Brasil e Finlândia; Este sim é a otimização de um "sistema unilateral leonino parcial" (Para não dizer corruptível, imbecil, antiquado, inadequado, tendencioso e por aí vai).
Fiz uma simples pesquisa entre colegas e é quase unânime a ignorância de "como funcionam" as coisas. E às vezes, aconteceu comigo, ainda conheço quem não compreenda sequer o porquê do 2o turno! - Mas também, outra imbecilidade que não tem tamanho! O 2o turno é a efetivação de um sistema sem algum escrúpulo - Digo isso não propriamente pela metodologia, mas pelo apelo. Dizem que isso é democracia para os menos favorecidos e, claro, a percepção deste povo deve ser mesmo que "ganhamos mais uma chance para escolhermos nosso líder "- Nossa, como ele são bons! Viva a Democracia!" - Balela! JK foi eleito com 34% dos votos, longe da maioria exigida atualmente e fez um bom governo; Já Collor e Lula foram eleitos no segundo turno. Ou seja, é extremamente sensato chegarmos a conclusão de que estas pesquisas encomendadas pelos veículos de comunicação (Com o único e exclusivo propósito de comprarem audiência e simpatizantes pela informação), acaba com qualquer alternativa de renovação! Heloisa Helena, por exemplo, não a considero o modelo ideal de uma estadista - apesar de entender que uma mulher no poder poderia nos fazer algum bem - mas quais são as chances que ela tem de ser eleita? Por mais que os números apontem algum crescimento, de acordo com o nosso Sistema Nacional Eleitoral ela precisa da maioria dos votos; Ela precisaria ter um resultado superior a soma de seus adversários políticos - Oras, onde está a democracia? A capacidade de renovação de que este país tanto precisa?
E quando avistamos, mesmo que de longe, alguma possibilidade de renovação, encontramos a coluna de Mônica Bergman na Folha de São Paula do último dia 08 de Setembro, sexta-feira, com um artigo de citações que envolviam a nossa presidenciável. O artigo trazia um depoimento de HH (HH são as iniciais de Heloisa Helena que já começam a surgir em alguns veículos de comunicação. Justo, já que temos FHC, JK, GV, PC Farias...) que dizia assim: "- Eu jamais me deitei ou me deitarei com homem rico! Eu sou de uma outra origem qual eu valorizo e considero, de peito aberto, que homens ricos são podres; São desonestos e enriquecem com dinheiro público e que, na pior das opções poderia alimentar algumas famílias famintas deste país. Eu vomitaria em cima de qualquer homem deste!" - Não me permito discutir o conteúdo deste discurso. Mas, na mesma coluna MB (posso chamar Monica Berman pelas suas inicias, certo?) trouxe um outro depoimento, na seqüência, de Luiz Estevão - O mafioso, e ex-senador, acusado de formação de quadrilha, uso de documentos falsos e corrupção passiva - curiosamente, rico - E que segundo dizem as más línguas, teve lá suas relações íntimas com HH em um passado não tão distante. Quando perguntado sobre a declaração da então Senadora Heloísa, ele respondeu "- Não sei se ela vomitou, mas sei que ela engoliu." - Estes são nossos políticos: Coerentes, precisos, adequados e eficientes.
Bom, então o que temos? Um sistema confuso e uma matilha de candidatos das mais diversas tribos, todos dispostos à assumir algum cargo público. Agora alguém ainda fala de Ideologia? Tenho por mim que em época de eleição o que deveríamos discutir é isso! - E Vejam como o assunto é extenso: Sistema, Candidatos, Ideologia - Não é à toa que hoje temos especialistas em Ciência Políticas e o "escambal"- Por isso me sinto um idiota quando em 6 segundos ouço um candidato qualquer se apresentar no horário político e pedir meu voto - Afinal, ainda temos esquerda? Há pouco tempo ouvi falar de "centro-esquerda"? Mas que diabo é isso? Quero dizer, o sujeito é Corinthiano, mas em alguns jogos torce fervorosamente pelo Palmeiras? Não se fala mais em ideologia. Fala-se em soluções e no máximo em reformas, de todos os tipos: Tributárias, Políticas, Econômicas. Mas somos um país sem ideologia, sem idéias. A imensidão do Brasil, nossas riquezas, nosso povo e tudo o mais não entram mais em discussão. Estamos na era do "enganar os trouxas"; Providenciem-me um bom terno, um discurso abrangente, coeso reunindo todos os principais problemas da nação, descrito na linguagem do povo - o qual eu só vou ler na hora, em cima de um púlpito da República e ao lado na Bandeira Nacional - Alguma maquiagem, duas ou três figuras para falarem ao meu favor e vamos disputar o poder. Ideologia? Não, obrigado.
Luiz Felipe Angulo Filho
Proporcionar a todos os usuários e fundamentalmente para mim, um módico arquivo digital de cultura. Esta é a razão de ser deste Blog. Intervenções precisas, como fez Camões, sem manter um verso em falso; Lamentos de amor de Vinícius, em prosa e verso, falado e cantado; a Esquizofrenia contagiosa de Pessoa; as letras soberanas de Chico Buarque; Os conselhos ditados por Drummond; E por fim, algumas das bestialógicas quais produzo em linhas pretenciosas, todavia bem intencionadas.