terça-feira, 15 de julho de 2008

.:: Falsa ode as lágrimas do mundo::.

Inspirado por esta retomada, dou continuidade às minhas sequências com uma prosa que trouxe-me particular satisfação: Inicialmente foi-me as linhas quais mais me renderam; Agradeço à minha boa amiga Luzia que se encarregou de apresentá-la em sala de aula e entregou-me uma série de rascunhos de interpretações de alunos do curso de redação/literatura; Por fim, para evitar linhas desnecessárias, gostaria de fazer especial menção à doce Dôra, amiga de contos e prosas, que recentemente tem trocado comigo suas linhas precisas de todo o sentimento do mundo. Boa leitura à todos!...

...

"Enquanto acusava a mim de dor, -
E, porquanto, me tinha solitário de tantos confortos -
Enfraquecia-me em domicílio,
detestando o tempo e a água fria.
Eis que aludia-me a gramática de versos muitos
e esforçava-me, ao menos, às prosódias de
minha boca em satisfação a mim.
Tinha por tanto que ocupava um papel de
finório, por isso as palavras difíceis, sem uso
sequer;
Ao fim de exprimir este movimento de
mim, em aclamar por ser e nem tanto sentir,
o que me encontro sobejamente;
Sinto como apenas sentisse,
exaustivamente; Hei de comprimir meus sentimentos ou,
por então, manifestá-los ao que for aceito
pelos corpos que são outros
e, por assim, reservam distintas
lembranças de histórias comuns.
(Vasculhem os auxílios gramaticais; és
improfícuo, vão a traduzir a alma humana. Nem sei que insisto…)

Pus-me em atitude de choro
encoberto, e permiti as lágrimas que vieram.
Ou simplesmente choro, para aqueles que
vêm tarde.

Em mim mitigaram as laterais da face,
ressecadas da umidade de meu próprio
produto;
Enfim, vi-me em frente ao resto que tinha,
minha vida
(como se apresenta unânime as palavras,
quão fortes se valem; Vida, jamais teremos sequer sinônimo); Minha vida.
Ao outro lado, defronte, sorria, à todos,
mordidas claras de um couro colorido.
Uma mulher que se faz existir apenas, uma,
apenas;
Portava silhueta recta, pernas compridas
e ao fim de todas duas, pecíolos dourados
apontados ao chão.
O calcanhar era mais alto que os dedos;
Estes suportavam a beleza exagerada de
quem vinha, minha; Minha última mulher.

Soube de nada, pouco apenas.
Não me pus a decifrar e, então,
edifiquei-me os meus em acariciá-la;
span >Sabia, a altura, das extravagâncias que
acossava: Eras uma, de olhos diretos e de
soslaios e mãos iguais as quais me uno em sonhos de
princesa.
Transfigurava-se à medida em que guardava
sua vigília sem muita esperança,
pois o perdera em outra poesia.
Esposa de desejo excessivo em não desejar;
Repudia o tabaco e da mesma forma esperar.
Pedia-me que fosse, e implorava por
ser.

Ah… Quantos significados têm as
palavras. Ao que afortuno-me em usá-las passivas,
serão sempre poucas, que acham?
És comovente o sentimento;
A impossibilidade de resumo,
mas confusas e poucas.
São estas as palavras que
trago, em inumeráveis linhas quais
significam o labirinto em que convido-os.
Pobre dos amantes...
Incompreendidos e, pior, mesmo tendo com
todos, mal saberão o que são, amantes, que amam
e, alguns, improvisam versos de afirmações repetidas,
como as minhas linhas de tristeza e completude.
É amor e amiúde, sustido e oprimido
pelas poucas opções das palavras.

Ela, de unhas vizinhas ao chão, me veio ao
regaço;
Via, por este instante, o que jamais
buscarei aventura em descrever
Chegava-me a comenda de outrora, encargo
antigo e amigo
Pedira, igualmente, que o tempo fosse
bom, em princípio quando mais verosímel ao
choro - Chorar é palavra de poesia, contudo
acontece - E ao reconhecer a sombra no chão de uma
alma, olhardes para nós, vida, e, por assim,
satisfaça-te a ti na conquista de tantos
outros corações.
Muito embora, a dor não sumira,
o choro insiste e a solidão entorpecida em
ainda ser; consome-nos sem razão, mas o faz.
As dores de antes, insistem.
Assim, ao que não posso não ter contigo,
vida, o papel de estéril, molesto;
Basto e agradeço, adormecido,
dolorido e apaixonado."

Luiz Felipe Angulo Filho