quarta-feira, 25 de junho de 2008

Séquito

Ah... Minha inspiração dissimulada,
Sinto enorme euforia em dividir com minhas esferográficas as angústias que tive
E meu estro baseia-se em não estar, ausenta-se, deixa-me só como tantos e tudo
Eis que as linhas saem-me de improviso e trazem eventuais inconsistências,
Tal como a vida que tenho, instável contudo aprazível
Uma bruma bordeja os sentimentos do mundo,
Obscurece, inibe
Não creio na persistência, pois sim nas mágoas
Desconheço maior oferta do que a madureza,
Não reconheço maior expediente do que o tempo...

Ah... o tempo, o tempo...
Talvez ele me reúna a inspiração que me foge,
Enquanto isso, abjuro-me na solidão que o dia me trás,
Na companhia, opto pela leitura ou, porventura, convenço-me a ouvir
Mesmo que a mim mesmo, mesmo que as mesmas vozes, mesmo que ao silêncio

Ah... o silêncio
Estado absoluto de excetuar os ruídos,
Muito mais que a ausência do barulho, o preterido silêncio
Busca insólita e incomum, clandestino pelo imediato
E, assim, enquanto creio em sua expectativa,
Usufruo-me do bulício com a candura que me cabe

Porquanto veto-o (o silêncio) e o aguardo enfermo.

Luiz Felipe Angulo Filho
Brasília, Junho de 2008