quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Mãos Dadas

Quando comecei a ler esta poesia, já tinha por mim que precisava postá-la: "Mundo Caduco", "Grandes Esperanças" etc. - Drummond é impressionante! Ele é simples, mas de uma forma tão sofisticada que sensibiliza qualquer um. Ele, normalmente, tem tanto do que queremos escutar, tanto do que queremos esrever... Mas que bom, assim podemos relê-lo, quantas vezes for preciso. É para isso que temos arquivos, é par isso que temos acervos, livros e, também, é para isso que este blog existe.

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.


Carlos Drummond de Andrade