Compreendo minha companhia, já que de ti não tenho mais
Respeito-te antes, e no encontro comigo me devolvo a reverência
Entrevejo apenas perto e sonho com a distância das últimas páginas
Longe de ti, sou eu.
Anseio por ter-me ainda mais, na presença apática de um cigarro
Envolto a fumaça e ansiedade, entrego um sorriso aos meus
Parto definitivamente para a felicidade, minha, de todos
Longe de ti, sou feliz
E de tanto não ter, entrego à vida a paixão de querer
Quero, portanto, contar comigo, no infindo mundo de mim
Recebo as vozes difusas de outros que não são seus
Longe de ti, não sou só
Lento me faço chorar, de lágrimas poucas e sentimento todo
Encontro prazer no pensar, produzo gracejos e distribuo perguntas
Me escondo na sombra de um canto e canto para alguém escutar
Longe de ti, sou inteiro
De ti, meu amor, conservo a imagem impoluta, íntegra e ideal
Te agradeço por sua ausência de desconhecidos, espaçada
Me inspiro no meu sentimento, mas espero em outra a analogia da paz
Longe de ti, te amo ainda mais
Luiz Felipe Angulo Filho, 2006
Proporcionar a todos os usuários e fundamentalmente para mim, um módico arquivo digital de cultura. Esta é a razão de ser deste Blog. Intervenções precisas, como fez Camões, sem manter um verso em falso; Lamentos de amor de Vinícius, em prosa e verso, falado e cantado; a Esquizofrenia contagiosa de Pessoa; as letras soberanas de Chico Buarque; Os conselhos ditados por Drummond; E por fim, algumas das bestialógicas quais produzo em linhas pretenciosas, todavia bem intencionadas.