quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Enunciado

Espalmo minhas mãos e forço-as a correr pelos cabelos que tenho
Retiro os pensamentos tantos de um dia longo e de uma vida tão curta:
Já é madrugada.
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As notícias não respeitam horários e mesmo tarde, persistem.
Minha letargia modelar dos que fazem poesias é interrompida
Os ruídos chegam-me e desconstroem moradas,
Ou ao menos tentam.
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Coloco-me em atitude de dúvida ao ouvir os barulhos que vêm de fora
Quero saber se algum deles é de sua propriedade?
Meus próximos se juntam e ameigam minha presença trazendo-me relatos dos que já foram,
Amigos, pessoas e embustes, concluem o dia que se estende...
Quantas horas, Deus, há de caber neste dia?
Podes deslocar todo este tempo incerto para o tempo de minha poesia?
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A rua por esta hora já não traz tanta gente, queria poetizar em voz alta
Talvez para entender se os versos inspiram ou arruínam sensações
Desconheço a gravidade de meus sentimentos, aprecio, contudo, as intenções.
Eis que de forma imprevista, meu imo manifesta-se em favor ao meu estro:
- Desejo produzir poesia sim! Entretanto esta única terá apenas abertura; Não fim.
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Vida prosaica... Entrega-me poemas e retira-me vidas, outras, traz-me – agora – o meu último amor.
Ah... A madrugada.
Esta estação de já ter cumprido o dia;
De ter produzido coisas de todas as naturezas e, igualmente, reconhecer autoria.
Vida poesia, vida que for...
Admita-me: Sabes que de um poeta podes esperar tudo, exceto aguardar desamor?
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Dádiva de uma deidade briosa, meus olhos não obstam em manter-lhe nas vistas quando cerro as pálpebras. Miro-a em meu caminho já por esta madrugada:

O dia acabou.
O astro que nos alumia recolheu-se em respeito à noite enevoada
A noite adormeceu... E fiquei eu: Eu e a madrugada
Alva que não me trai e acompanha-me por toda ela,
Será ela, alvorecer de minha origem contumaz
Peço que sim... E nada mais.
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Luiz Felipe Angulo Filho