terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mundo moderno, melhore

Últimamente tenho empenhado apenas algum tempo para minhas atualizações. Pouco tenho escrito e, também, o pouco que escrevo são lamentos cotidianos, nem sei se cabe dividir. Todavia, já havia visto este texto que trago há algum tempo. Chico Anysio não fazendo rir, mas fazendo poesia! E não é uma qualquer, a insistência da primeira letra para todas as palavras de um mesmo texto não é coisa fácil. Há de se ter uma frase ou duas, mas todo um texto com todas as palavras começadas por uma aparente pobre letra? E o selo da genialidade dá-se com o conteúdo extraído de tão poucos recursos. Como que se refere à si mesmo: Do nordeste de oportunidade nenhuma à unanimidade.
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Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio - maior maldade mundial.

Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho.

Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.

Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas.

Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando.

Moradia meia-água, menos, marquise.

Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.

Chico Anysio