sábado, 22 de setembro de 2007

:: Literatura Privada

Os cabelos que guarda para ti confrontam
com meus dedos.
A minha mão que sai do meu corpo, pertence já não a mim e,
sim, aos seus fios escuros que te protegem do sol e da calvice.

Sabes que houve demasiados confrontos entre a existência e alma, a alma... Ambos conhecem-se apenas pouco, todavia acredite que não são agressões reprimidas de uma vida real, mas carinhos largos que penteiam seus cabelos, sua alma, sua
existência...

Peço que não se ponha a amuar-se contra meus dedos dedicados,
por fim, que tocam seu couro e fecham os olhos que tenho em troca de uma suposta troca de brandos sinceros e, por então, encaminhe esclarecimentos, não ao couro, mas à alma que te sustenta.


Proferi alguns dos advérbios que sei confiante particularmente na clausura de minhas idéias longas, consequência da inocência empírica que mantenho por laser; E, assim, escrevo poesias despretensiosas cuja razão se aproxima somente da prosódia - a qual investigo e tantas vezes erro - esqueço, portanto, as conseqüências humanas de uma literatura privada, mas que
sei disso?

Permaneço, então, alternando meus movimentos em longos caminhos com os braços que sustentam a existência de seu corpo e persisto com alguns dedos da mão mais próxima, a outra repousa; Prossigo em afáveis contatos do corpo que tenho contra os fios que nasceram sob a riqueza de sua excelência. São eles que constroem nós variáveis e desafiam-me a soltá-los ou a discutí-los e, assim, apenas desisto se lhe trago alguma dor.

Luiz Felipe Angulo Filho