quarta-feira, 22 de agosto de 2007

"Aos mestres com carinho"

Hà aproximadamente dois anos, tive o privilégio memorável de presenciar um casamento especial: O de meus avós. Depois de 50 anos de casamento, a familia - e isso é muito particular - optou por organizar uma nova festa e renovar os votos eternos de amor. Mais do que isso, ainda tive a oportunidade de poder fazer um pequeno discurso na cerimônia, coberto de emoção e linhas escritas por mim. Levo comigo este sentimento e, agora, divido com todos; Como em muitas outras ocasiões tenho feito por aqui.
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Aos mestres, com carinho

“De tudo ao meu amor serei atento...” – É disso que falamos: de amor.
Ele doutor, de feições enigmáticas que mascaram a doçura daquele que se dedicou a trazer vidas ao mundo; Um insistente bigode, que resiste aos tempos no teto de uma boca dona de um extenso repertório inofensivo de palavras fortes: Filho, Pai e avô. Dele, ela compartilha sua doçura, a bondade. Em si o amor sobretudo de se fazer mulher, de ser mãe. Cabelos de nuvens e corpo de terra, que sobrevive ao tempo rijo, forte e belo. Eles, um casal. Que se amou indiscriminadamente ao redor do mundo, ao redor da vida. Frondosos e gratuitos, destemidos e maduros, ambos unidos formam, hoje, há meio século, uma única pessoa.

Curioso como o tempestivo avançar dos anos conseguiu sustentar pessoas que de semelhante guardam as diferenças. E falo de todos nós, por todos nós, que crescemos ao redor destes, por vontade deles. Irmãos, filhos, netos. Bisnetos? ... Ainda não. Permitirmo-nos todos a tentar agradecê-los, afoitos e humildes, pela dádiva de termos nos encontrado sãos nesta terra, nesta vida que recebemos do encontro do coração com a vida real.

Mãos lânguidas, leves, de formas geométricas anguladas, interagem um movimento circular alternando entre o carinho e o tricô. Mãos firmes, cirúrgicas, que investem movimentos na composição de uma pintura; Mãos que sustentaram pesos à medida que acariciaram corpos com a sempre presente ternura. Mãos que se tocam, que conversam, que choram. Mãos que se conhecem, que são as mesmas! Mãos que se juntaram.

Beijemos um ao outro. Sabemos sim que o rastro da fragrância indesejável das más notícias sobrevive, no entanto olhemos por cima. Olhemos pra o alto, onde de longe enxergamos a excelência, o ideal. Somos bons, somos todos do bem. Incluo, então, aqueles que de tão especiais, já vivem próximos ao céu. Vivamos afinal! Aproveitem, ensinem-nos suas experiências; Contem-nos suas histórias, sorriam e saibam, por toda suas vidas, que são por demais amados e não apenas um pelo outro, mas por todos nós que formamos sua família."

Luiz Felipe Angulo Filho
12/11/2004
Em homenagem à minha grande avó Regina, falecida em 10/08/2007 e eterna em meu coração.