domingo, 26 de agosto de 2007

Os poemas

No princípio da gestação deste blog, eu reforçava contundentemente que tratava-se de um projeto sem muita exigência (ou nenhuma) ao que se refere às atualizações. Evidente que ao passo que desenvolvo este canal e, tive esta experiência, dedico-me à regularidade, ganho em número de acessos, e-mails e comentários; No entanto, o objetivo não é este e, sim, manter o compromisso com o conteúdo.
Assim, retomo a já pretendida sequência de Quintana, interrompida por forças maiores do que as teclas de meu computador. Boa leitura!
...

"Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti..."

Mário Quintana

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

"Aos mestres com carinho"

Hà aproximadamente dois anos, tive o privilégio memorável de presenciar um casamento especial: O de meus avós. Depois de 50 anos de casamento, a familia - e isso é muito particular - optou por organizar uma nova festa e renovar os votos eternos de amor. Mais do que isso, ainda tive a oportunidade de poder fazer um pequeno discurso na cerimônia, coberto de emoção e linhas escritas por mim. Levo comigo este sentimento e, agora, divido com todos; Como em muitas outras ocasiões tenho feito por aqui.
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Aos mestres, com carinho

“De tudo ao meu amor serei atento...” – É disso que falamos: de amor.
Ele doutor, de feições enigmáticas que mascaram a doçura daquele que se dedicou a trazer vidas ao mundo; Um insistente bigode, que resiste aos tempos no teto de uma boca dona de um extenso repertório inofensivo de palavras fortes: Filho, Pai e avô. Dele, ela compartilha sua doçura, a bondade. Em si o amor sobretudo de se fazer mulher, de ser mãe. Cabelos de nuvens e corpo de terra, que sobrevive ao tempo rijo, forte e belo. Eles, um casal. Que se amou indiscriminadamente ao redor do mundo, ao redor da vida. Frondosos e gratuitos, destemidos e maduros, ambos unidos formam, hoje, há meio século, uma única pessoa.

Curioso como o tempestivo avançar dos anos conseguiu sustentar pessoas que de semelhante guardam as diferenças. E falo de todos nós, por todos nós, que crescemos ao redor destes, por vontade deles. Irmãos, filhos, netos. Bisnetos? ... Ainda não. Permitirmo-nos todos a tentar agradecê-los, afoitos e humildes, pela dádiva de termos nos encontrado sãos nesta terra, nesta vida que recebemos do encontro do coração com a vida real.

Mãos lânguidas, leves, de formas geométricas anguladas, interagem um movimento circular alternando entre o carinho e o tricô. Mãos firmes, cirúrgicas, que investem movimentos na composição de uma pintura; Mãos que sustentaram pesos à medida que acariciaram corpos com a sempre presente ternura. Mãos que se tocam, que conversam, que choram. Mãos que se conhecem, que são as mesmas! Mãos que se juntaram.

Beijemos um ao outro. Sabemos sim que o rastro da fragrância indesejável das más notícias sobrevive, no entanto olhemos por cima. Olhemos pra o alto, onde de longe enxergamos a excelência, o ideal. Somos bons, somos todos do bem. Incluo, então, aqueles que de tão especiais, já vivem próximos ao céu. Vivamos afinal! Aproveitem, ensinem-nos suas experiências; Contem-nos suas histórias, sorriam e saibam, por toda suas vidas, que são por demais amados e não apenas um pelo outro, mas por todos nós que formamos sua família."

Luiz Felipe Angulo Filho
12/11/2004
Em homenagem à minha grande avó Regina, falecida em 10/08/2007 e eterna em meu coração.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Mais uma de Veríssimo

Quebrei mesmo a sequência de Quintana que havia me proposto, mas retomo em breve.
Este texto recebi logo agora de uma amiga poeta francesa; Não tinha como não dividí-lo. Merci Beaucoup!


O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou
pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou
aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos
virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou
spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato, Cássia e Cazuza, Lennon e Elvis,
Todos anjos, agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o
facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou
incapaz.....
De tudo.
Inclusive de notar essas
diferenças.

Luiz Fernando Veríssimo