quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Poema sem fim

Somente ao fim do poema
Saber-se-á de nada.
Ao fim desta dor
Meu corpo se compromete
Em manter-se dolorido
E os saberes em tê-la perdido
Trará dores a outro coração
E continuarei esperando,
Sobretudo se tiveres envolvido enfim
Na abertura de um romance e ansiando
Novas dores de um sentimento sem fim.

...
Luiz Felipe Angulo Filho

sábado, 21 de novembro de 2009

Identidade

Ser eu mesmo é uma atividade tão só...
Eu que sou de forma tão unicamente eu próprio
Tantas vezes solitariamente eu, que não sou outro

Sou, portanto, incompreendidamente eu
Exaustivamente, todo o dia que principia
Vou eu a ser eu ainda:
Eu que tenho verdades distintas e posso somente eu conduzi-las
Eu que tenho saudades de outro tempo em que ser eu era distinto

Eu que me aproprio das decisões de como ser eu
Eu que escrevo poesias na tentativa de comover outros, que não eu, ao pesar de ser eu mesmo
Eu cuja eventualidade de não ser eu próprio passa-me pela idéia
Eu que conduzo meu corpo sem auxílios e que não tenho opção que não seja ser eu próprio

Ser eu mesmo é uma atividade tão só...
Eu em que minha poesia é minha maior companhia
Eu cujo temperamento não condiz nenhum fundamento

Eu que só tento ser correto por haver alguém por perto
Eu cuja idiotice corresponde-me ao desgaste desta incontestável mesmice
Eu cuja maior rebeldia é eu ter que ser eu sem haver, todavia,

Qualquer tipo de variação, que não seja eu ter que ser eu novamente por todos dias.
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Luiz Felipe Angulo Filho